A vaidade na pandemia...

Além da vida social e afetiva e do lazer fora de casa, as atividades mais prejudicadas foram aquelas ligadas à vaidade. Mais de 40% dos consumidores estão se exercitando menos e cuidando menos da beleza e, consequentemente, comprando significativamente menos produtos como perfumes, protetor solar, maquiagem e esmalte (todos com quedas declaradas perto de 20%).

O que houve tem três explicações, reveladas pela pesquisa qualitativa. A mais simples é acesso a recursos: quem estava acostumado a usar serviços ou estruturas externas para isso, tem, obviamente, menos acesso, com academias e salões fechados.

Mas há duas motivações mais importantes, porque operam mais na esfera subjetiva. A primeira, é que muitas pessoas se enfeitam para situações em que serão vistas pelo outro. Aparentemente, a convivência com o núcleo familiar não é motivação suficiente para que os brasileiros e brasileiras se enfeitem como faziam antes. As mulheres deixaram de lado rotinas como maquiagem e cuidados mais elaborados com a pele e os cabelos. Os homens, relaxaram com a atividade física e passaram a fazer o essencial apenas com cabelo e barba. Nos dois casos, a tônica é cuidar da higiene e limpeza, livrando-se do excesso de pelos com depilação, sobrancelha, barba aparada e cortes de cabelo simples e apenas aparando as unhas.

O outro motivo é um certo desânimo e falta de motivação para a vaidade. Numa rotina tão conturbada, e dentro de uma situação geral desanimadora, as pessoas reportam não terem energia ou mesmo verem sentido em empenhar-se com isto. A isto junta-se o momento introspectivo, em que as pessoas trancadas em casa encontram-se e vemos uma grande falta de incentivo interno para enfeitar-se.

Tanto mulheres como homens ressentem-se dessa falta de vaidade. Elas sentem-se culpadas por se sentirem desleixadas. Eles, preocupam-se com o excesso de peso e perda da forma. Por isso, há um grande anseio para que a normalidade aconteça logo, momento que a preocupação com a vaidade e a aparência voltará com toda força.

Pesquisa quantitativa realizada pela Perception, Brazil Panels e Engaje. Onda II de 29 de abril a 1º de maio de 2020. 590 respondentes, online, Brasil. Pesquisa Qualitativa realizada em Junho de 2020 com 5 discussões em grupo online, São Paulo.