A neurociência e avaliação sensorial: Um casamento que deu certo!

Nossos sentidos (tato, olfato, audição, visão, paladar) despertam emoções; estas ativam memórias, que por sua vez orientam comportamentos.

Como mensurar uma reação subjetiva a estímulos sensoriais, estabelecendo uma métrica que possa ser aplicada a diferentes pessoas?

Vamos pensar na seguinte experiência: Apresentamos uma fragrância a 2 pessoas. Indivíduo A e indivíduo B. E perguntamos a eles: Qual nota você daria para tal fragrância? Os dois indivíduos respondem nota 10.

Porém se quisermos ir mais profundamente na nossa pesquisa e perguntássemos aos mesmos indivíduos expostos a mesma fragrância: Que emoção esta fragrância trouxe a você?.

E aí que entra a neurociência: Estudos que identificam reações subjetivas que, aliadas à pesquisa sensorial tradicional, potencializam a compreensão das emoções dos consumidores. Mensuramos variáveis e obtemos detalhes sobre as impressões sensoriais, que dificilmente são expostas através de palavras.

O corpo fala e a neurociência compreende e traduz esta linguagem com um grande diferencial: o corpo não mente.

Conscientemente podemos tentar, por meio de palavras, manifestar opiniões “politicamente corretas”, mas não é possível controlar respostas como nível de sudorese, dilatação da pupila, ritmo cardíaco ou frequências elétricas e reações químicas do cérebro.

Uma pessoa é capaz de relatar uma experiência olfativa com muita segurança após ter cheirado um frasco, mas terá dificuldades em relatar o que acontece com o seu sistema cognitivo enquanto cheira o frasco. Isto porque o cérebro precisa de um certo tempo para estabelecer conexões, realizar processamentos e configurar uma resposta final.

Com a neurociência, os cientistas são capazes de identificar uma resposta com mais rapidez e com mais precisão em relação ás emoções do que a própria verbalização da emoção.

É importante continuarmos questionando os consumidores a respeito de suas opiniões. Mas também é igualmente importante entendermos as suas reações involuntárias!

Airton RODRIGUES

Cientista Sênior da área de neurociência da Perception Perception

Doutorando em Psicologia Cognitiva pela Universidade de São Paulo, Mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo, MBA Marketing pela USP/Fundace, Administração de empresas pela Universidade Mackenzie. Professor da cadeira de Pesquisa de Mercado na Facamp e do curso de Marketing da Uninove. Mais de 10 anos como consultor em pesquisa de mercado, com atuação nos principais institutos de pesquisa do país e nos últimos 4 anos atuação em projetos acadêmicos e mercadológicos que envolvem neurociência do consumidor.