O título parece um grande paradoxo: como ter prazer durante o período mais trágico vivido em gerações. Entretanto, é apenas humano; escapismo é importante para a saúde mental. Saindo menos, com sua vida social e afetiva prejudicada e transando menos (o percentual de pessoas que dizem que fazem menos sexo agora do que antes é três vezes maior do que os que dizem que estão transando mais, 36% x 12%), as pessoas recorrem aos próximos prazeres mais estimulantes e que são possíveis mesmo confinadas: comida e as telinhas.
Quase 70% das pessoas estão usando mais redes sociais e mais da metade declara maior consumo de séries e filmes e leitura de notícias online que antes do coronavírus. Algumas incorporaram compras online como hobbie, ou aplicativos como Tik Tok ou vídeo games.
Cozinhar em casa tornou-se uma grande diversão, assim como comer. Mais de 60% das pessoas estão cozinhando mais em casa do que antes. Comer tornou-se uma compensação para este momento duro e o ato de cozinhar, além de gerar prazer também, é um pretexto para a socialização. É um momento de colocar a família nuclear junta em uma mesma atividade, divertida e recompensadora. E dá-lhe guloseimas, doces, salgadinhos, comidas diferentes e elaboradas.
Mas esses prazeres não vêm sem culpa ou consequência. No caso da comida, além da consequência óbvia do ganho de peso (já que houve uma redução grande nas atividades físicas – 45% diminuíram), existe também a preocupação com uma alimentação saudável, que favoreceria a imunidade. Também as telinhas geram sobrecarga, e já há a emergência de uma tendência que chamamos de detox digital: a adesão a decoração e reparos em casa, jardinagem, trabalhos manuais e outras atividades analógicas.
Pesquisa realizada pela Perception, Brazil Panels e Engaje. Onda II de 29 de abril a 1º de maio de 2020. 590 respondentes, online. Pesquisa Qualitativa realizada em Junho de 2020 com 5 discussões em grupo online.