O radical ou prefixo tele, de origem grega, exprime a ideia de longe, ao longe, à distância. Hoje, essa ideia é amplamente divulgada e encorajada. Ser “tele” nunca foi tão importante. A Covid-19 trouxe mudanças radicais e acelerou processos que já estavam em andamento. Um deles, a desmaterialização: das relações, do consumo, do trabalho e, inclusive, da medicina e dos médicos. No passado essa ideia ecoaria como coisa de ficção científica, mas com a conectividade do mundo atual isto passa a ser plausível.
Ao contrário do conceito, o termo “tele” ganha outras interpretações: ele aproxima, possibilita estar perto, mesmo que mediado por uma tela ou pela tecnologia.
Fizemos uma pesquisa com 120 pessoas que precisaram buscar ajuda médica para tratamento ou consultas de rotina durante a pandemia. Para 64% delas, a desmaterialização das consultas é uma realidade. Mesmo distante, os médicos são percebidos como presentes. Todavia, uma parcela significativa das pessoas 36% percebem as consultas virtuais de modo não tão positivo. São dois os principais desafios para mudança de atitude:
O primeiro, para 72% dos entrevistados que acreditam que consulta virtual não é consulta de verdade devido ao fato de que, mesmo vivendo num mundo “desmaterializado”, ainda temos corpos e examiná-los é o papel da medicina e exige o contato, o toque.
O segundo ponto: o papel do médico extrapola, muitas vezes, o conhecimento científico. Para uma parcela dos pacientes o atendimento médico é uma expressão de cuidado, de dedicação e até mesmo uma expressão de “amor” e humanidade.
Sem dúvida a telemedicina veio para ficar. É uma modalidade prática, ágil e confortável. Sua adoção passa pelo trabalho de demostrar que o fator humano ainda está presente e que a relação médico-paciente, embora mediada, ainda é um ato de cuidado e atenção.